As sucessivas notificações às empresas que contribuem para a disseminação do mosquito Aedes Aegypti,no perímetro urbano de Cambará, sem que seus responsáveis adotem medidas para colaborar com as autoridades sanitárias no combate ao inseto causador da dengue, zika víruse chikungunya, pode levar as autoridades sanitárias do município a adotarem medidas extremas, como processos administrativos que poderão culminar com o fechamento de firmas que atuam no município.
A medida está sendo a única saída para combater a falta de sensibilidade de empresários que simplesmente ignoram os alertas e notificações feitas pelos fiscais sanitários, revela Maria Angélica Miranda, do setor de Epidemiologia da Prefeitura de Cambará. Segundo ela, os principais problemas ocorrem com empresas que prestam serviços de borracharia, que expõem pneus a céu aberto, armazenando água das chuvas e se transformando em locais propícios para a reprodução e desenvolvimento do agente causador de doenças.
Por conta disso, Cambará registra epidemia de dengue, com 254 casos registrados de dengue (dados da Secretaria Municipal de Saúde) e cerca de 350 casos suspeitos da doença. O município tem pouco mais de 25 mil habitantes e o temor é que a proliferação do mosquito leve ao descontrole das doenças causadas pelo inseto.
No início desta semana a reportagem da Tribuna do Vale, numa rápida incursão pelas ruas da cidade, notou o quanto a questão sanitária é menosprezada por muitos moradores. A cidade, com pouco mais de 13 mil imóveis, apresenta casos escabrosos, como o da Borracharia do Denilson, às margens da BR-369. Como se não bastasse sua contribuição para disseminação do mosquito, com a presença de dezenas de pneus a céu aberto, ele toma totalmente a calçada lateral e parte da frente do barracão da empresa, em total desrespeito aos pedestres que utilizam o local como passagem.
A perceber a presença do jornalista, o proprietário, que dá nome ao estabelecimento, mas não identificou o sobrenome, mostrou-se irritado com o registro de imagens do local, justificando a presença dos pneus expostos ao descaso da administração, sem explicar como isso estaria ocorrendo. Casos semelhantes a esta empresa foram encontrados em vários pontos da cidade.
Maria Angélica Miranda, do setor de epidemiologia, disse que o empresário foi notificado várias vezes, mas persiste na irregularidade. Ela reclama que a atuação dos fiscais é limitada, razão pela qual, a administração municipal resolveu notificar as empresas irregulares, com prazo de 15 dias para regularização. Findo esse prazo e sem cumprimento da notificação, será aberto processo administrativo, com prazo final de 15 dias, estabelecendo sanções, entre as quais, a suspensão do funcionamento da empresa por colocar em risco a vida dos moradores.
“Lamentavelmente não vemos outra saída. A insensibilidade de alguns nos leva a adotar essas medidas”, assinala a servidora.
Por:Benedito Francisquini/Tribuna do Vale.