Com seis categorias exclusivas para a rede de ensino estadual, a 29ª edição do Programa Agrinho premiou, na manhã desta segunda-feira (04), os trabalhos de destaque desenvolvidos por estudantes vindos de todo o Paraná para a competição. No total, 2.578 projetos foram premiados. Destes, mais da metade foi realizado por alunos da rede que, neste ano, registraram participação recorde no concurso, com mais de 500 mil inscritos, provenientes das 2.091 escolas estaduais.
A cerimônia de premiação do concurso Agrinho foi realizada no ExpoTrade, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e reuniu cerca de 4 mil pessoas entre pais, professores e estudantes, autores dos trabalhos finalistas. Os prêmios envolveram aparelhos celulares, tablets, chromebooks e três carros zero quilômetro.
O tema escolhido para pautar os trabalhos neste ano foi “Agrinho: do campo à cidade, colhendo oportunidades”. No total, foram 15 categorias, abrangendo alunos de diversas faixas etárias das redes pública, privada e das Apaes. Além das categorias tradicionais, o evento contou com categorias exclusivas para a rede estadual, premiando trabalhos vencedores das modalidades Redação Paraná, Robótica, Programação, Colégios Agrícolas e AgroRobótica.
Entre centenas de projetos, os alunos da rede de ensino do estado se destacaram a partir do desenvolvimento de soluções inteligentes para múltiplas áreas do setor agropecuário. Entre elas, o trabalho dos estudantes Daniel Silva Cordeiro, Fernanda Wollinger, Liandra Ramos e Kevin Pilecco esteve entre os premiados.
Matriculados no Ensino Fundamental do Colégio Estadual Pedro Stelmachuk, de União da Vitória, na região Sul, essa foi a primeira vez que a equipe participou do concurso. Vencedores na categoria Robótica para o Ensino Fundamental, eles desenvolveram uma estufa inteligente, com sistema de resfriamento automático. O projeto levou cerca de dois meses para ser desenvolvido e foi idealizado com o objetivo de otimizar o cultivo de hortaliças. A estufa foi construída com os materiais disponibilizados nos kits de robótica da rede estadual e também com materiais recicláveis, como plásticos e palitos de sorvete.
“Meus avós têm uma estufa em casa e, por isso, eu tinha algum conhecimento prévio do funcionamento. Com o projeto, a ideia era tornar ainda mais eficiente o controle de temperatura. Para isso, desenvolvemos um sensor inteligente, que abre e fecha automaticamente, conforme o calor do local. Não é necessário monitorar ou acioná-lo. O sistema reconhece, sozinho, as necessidades do cultivo”, explica Daniel Cordeiro, um dos alunos responsáveis pela estufa.
“Por ter um formato adaptável, o mecanismo pode ser utilizado tanto em estufas nas áreas rurais, quanto na zona urbana, permitindo o cultivo de hortaliças até mesmo dentro de apartamentos”, explica a professora Isane Maria Marques, que orientou o trabalho da equipe.
"O fato de estarmos hoje entre os vencedores do concurso é a prova do talento e da dedicação desses jovens, que já demonstram um olhar atento às necessidades do setor agropecuário e mostram que, com criatividade e empenho, é possível construir soluções inovadoras e sustentáveis para o futuro", destaca.
MEDIDOR DE POLUENTES – Desenvolvido pela equipe dos alunos Enzo Giuseppe Prado e Pedro Haulter Pereira, ambos do nono ano do Colégio Estadual Padre Manoel da Nóbrega, em Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro, o medidor batizado de EcoVision é uma solução voltada para o monitoramento ambiental. O projeto também foi vencedor da categoria Robótica e foi construído com recursos como a placa Arduíno Uno – do kit de robótica da rede estadual – e uma variedade de sensores, incluindo de temperatura, umidade, gás e turbidez. O mecanismo é capaz de medir a qualidade do ar e da água, detectando níveis de poluição e gases tóxicos.
Desenvolvido ao longo de quatro meses, o projeto atende tanto a demandas rurais, como o monitoramento de plantações, quanto a necessidades urbanas, como a verificação da qualidade da água. Com essa abordagem, os alunos buscam contribuir para uma gestão ambiental mais responsável e sustentável, com potencial para ser aplicado em múltiplos setores.
“A ideia foi desenvolver uma tecnologia simples e eficaz que possa ser usada tanto por agricultores quanto por empresas de saneamento, trazendo mais segurança e sustentabilidade”, explica Enzo.
CONECTANDO O AGRO – Vencedora na categoria de Programação, Nicoly de Carvalho, aluna do Ensino Médio do Colégio Estadual Ari João Dresch, de Nova Londrina, desenvolveu um projeto para promover a interligação entre os pequenos agricultores e a cidade, solucionando uma dificuldade comum nas regiões rurais mais afastadas.
Em um mês e meio, a estudante criou um site que permite que agricultores locais sejam facilmente encontrados, possibilitando anúncios e facilitando o contato direto com os compradores. Para construir essa rede de contatos, ela utilizou recursos de programação aprendidos em sala de aula, como Alura, aplicando HTML (linguagem de marcação que define a estrutura do conteúdo de uma página), e CSS (Cascading Style Sheets), responsável pela estilização, definindo cores, fontes e o layout visual do site.
“Ao descobrir que meu projeto seria finalista, tive reforçada a minha vontade de seguir carreira na área de tecnologia, onde já encontrei minha verdadeira paixão”, celebra a jovem.
AGRINHO – Maior programa de responsabilidade social do Sistema Faep, o Agrinho resulta da parceria entre a entidade e o Governo do Paraná, através das secretarias da Educação; da Agricultura e do Abastecimento; da Justiça e Cidadania; de Desenvolvimento Social e Família; e do Desenvolvimento Sustentável. A iniciativa conta com a colaboração de prefeituras e várias empresas e instituições públicas e privadas. Criado em 1995, foi implementado em 1996, levando às escolas da rede pública uma proposta pedagógica baseada em uma visão interdisciplinar e transdisciplinar, e na pedagogia da pesquisa.
Neste ano o concurso teve recorde de participações de alunos das redes estadual, privada e APAEs, com mais de 1 milhão de inscritos. Destes, mais de 500 mil alunos são da rede estadual de ensino, representando mais da metade dos participantes.
AEN/PR